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domingo, 10 de abril de 2011

Impactos das mudanças climáticas no RJ são inevitáveis

O estudo “Vulnerabilidade das Megacidades Brasileiras às Mudanças Climáticas: Região Metropolitana do Rio de Janeiro” aponta que já não é possível evitar os impactos das alterações do clima na região fluminense e que a sociedade só será capaz de enfrentá-los, sem grandes prejuízos, caso medidas de adaptação e mitigação sejam tomadas imediatamente. Coordenado pelo INPE e pelo Nepo/Unicamp, com o apoio da Embaixada Britânica no Brasil, esse estudo está sendo apresentado hoje, no RJ, por Sérgio Besserman Vianna e Paulo Gusmão.

Débora Spitzcovsky - Edição: Mônica Nunes         
Planeta Sustentável - 07/04/2011

As noites fluminenses estão muito mais quentes, a quantidade e a intensidade das chuvas no Estado do Rio de Janeiro aumentaram consideravelmente e, de acordo com o estudo Vulnerabilidade das Megacidades Brasileiras às Mudanças Climáticas: Região Metropolitana do Rio de Janeiro, apresentado hoje, no Palácio da Cidade, para a imprensa, especialistas e autoridades do RJ, não se trata de uma "maré de azar passageira": o agravamento das mudanças climáticas está deixando as cidades da região metropolitana desse estado cada vez mais vulneráveis aos problemas ambientais e a tendência é esse cenário piorar.   

Assim, nos próximos dez ou, no máximo, trinta anos, as mais de 11,5 milhões de pessoas que moram nos municípios metropolitanos do Rio de Janeiro terão, inevitavelmente, que aprender a conviver com:  
- chuvas mais intensas e frequentes;
- temperaturas mais elevadas;           
- ondas de calor mais longas e          
- aumento do nível do mar.   

Mas nenhuma dessas alterações resultará em grandes crises para a população e a infraestrutura das cidades fluminenses, desde que medidas de mitigação e adaptação sejam adotadas o mais rápido possível. "A humanidade tem decisões muito importantes para tomar nesse momento. Está em nossas mãos escolher se o planeta aquecerá 2 ou 6ºC e se os impactos das mudanças climáticas, que já são inevitáveis, serão contornados ou acabarão afetando serviços fundamentais para o bem-estar da população, como esgotamento sanitário, abastecimento e drenagem de água e coleta e tratamento de lixo", explica Sérgio Besserman Vianna, economista, ambientalista e um dos porta-vozes do estudo, realizado e coordenado pelo Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas EspacialNepo - Núcleo de Estudos de População, da Unicamp, com o apoio da Embaixada Britânica no Brasil. (O estudo focado na cidade de SP foi apresentado em junho de 2010. Confira na reportagem Estudo revela vulnerabilidade de São Paulo)
Segundo ele, para que a população da região metropolitana do Rio de Janeiro - assim como os habitantes de todas as outras cidades do planeta - possa se adaptar bem aos efeitos das alterações climáticas, são necessárias três medidas imediatas:
- produção de conhecimento a respeito do monitoramento, impacto e combate das mudanças climáticas;        
- internalização desse conhecimento pelo corpo técnico responsável pela estrutura das cidades, como prefeituras e empresas envolvidas nas obras públicas e    
- incentivo à gestão política integrada de todos os municípios da região. "Afinal, a natureza ignora a fronteira física entre a cidade do Rio de Janeiro e de Duque de Caxias, por exemplo. Ou seja, traçar um planejamento para acabar com o problema em, apenas, um município é jogar dinheiro fora, porque as cidades estão todas interligadas. O problema que afeta uma delas, inevitavelmente, acabará afetando as outras", salienta Besserman.

Paulo Gusmão, doutor em Geografia da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em mudanças climáticas, também é porta-voz do estudo e enfatiza as palavras do economista: "As cidades só conseguirão enfrentar as mudanças climáticas se tiverem atuação local e, também, regional.
Na região metropolitana do Rio de Janeiro, o recorte espacial dos municípios não condiz com o das bacias hidrográficas e aéreas e, portanto, a água, o esgoto e o lixo devem ter gestões integradas", explica Gusmão. 
No entanto, em sua opinião, estimular a gestão política compartilhada não é tão simples quanto parece: "Os governos já têm dificuldade de enxergar a cidade como um todo - é mais comum vermos a realização de ações em áreas isoladas do que em todo o complexo municipal -, imagine, então, visualizar a interligação entre as cidades! É preciso tempo para que eles se conscientizem. O problema é que não temos tanto tempo assim", salienta Gusmão, que ainda acrescenta que o caso do Rio de Janeiro é ainda mais grave, porque o órgão de gestão metropolitana do Estado foi extinto na segunda metade da década de 80.  
QUEM NÃO ESTIVER ADAPTADO ENFRENTARÁ CAOS Segundo o estudo - que contou com a coordenação do climatologista, secretário do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) e conselheiro do Planeta Sustentável, Carlos Nobre -, os impactos das mudanças climáticas já são inevitáveis na região metropolitana fluminense e, por isso, apenas adotar medidas de mitigação já não é mais suficiente: é preciso se adaptar à nova realidade climática. "O cenário não é de pânico. Por enquanto, há soluções no campo da engenharia e da tecnologia para todos os impactos que sofreremos, mas, para enfrentá-los, o planejamento é essencial. Daqui para frente, a adaptação deve ser a diretriz de todas as políticas públicas do Rio de Janeiro", pontua Besserman.

Caso isso não aconteça, a cidade poderá sofrer grandes consequências. Entre as citadas pelo estudo estão:       
- aumento da incidência dos alagamentos e deslizamentos;
- dificuldade na captação de água doce de boa qualidade;          
- epidemias de doenças como a dengue e a leptospirose, que podem levar à morte;
- aumento do risco de extinção das espécies - sobretudo as que possuem capacidade de locomoção reduzida; 
- crescimento no número de espécies invasoras e   
- savanização da vegetação.            

"É importante lembrar que as pessoas que vivem nas áreas consideradas de maior risco - no caso da região metropolitana do Rio de Janeiro, as que vivem nas zonas costeiras e de encostas - sentirão todos esses impactos muito mais rápido do que quem vive em outras regiões, mas, no final das contas, toda a população sofrerá com o problema", conclui Gusmão.  provocados pelas fortes chuvas;


sábado, 11 de dezembro de 2010

Resultado da COP-16 em Cancún

O acordo firmado neste sábado em Cancún pela conferência da ONU sobre mudanças climáticas prevê uma série de mecanismos para combater o aquecimento global e permitir que os países mais pobres e vulneráveis se adaptem as suas dramáticas consequências.
Estes são seus pontos principais:
FUTURO DO PROTOCOLO DE KYOTO
- Convoca os países desenvolvidos a discutir uma nova fase de compromissos de redução de emissões sob o Protocolo de Kyoto, cuja primeira fase expira no final de 2012, "para garantir que não ocorra um hiato" entre os dois períodos.
Não requer, por enquanto, que as nações assinem compromissos para o período posterior a 2012. Japão liderou a oposição à prolongação do Protocolo, alegando que é injusto porque não inclui os dois maiores emissores: Estados Unidos (porque não o ratificou) e China (por ser um país em desenvolvimento).
AJUDA PARA OS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO
- Cria uma nova instituição, o Fundo Verde, para administrar a ajuda financeira dos países ricos aos mais pobres.
Até agora, União Europeia, Japão e Estados Unidos prometeram contribuições que devem chegar a US$ 100 bilhões anuais em 2020, além de uma ajuda imediata de US$ 30 bilhões.
- Convida o Banco Mundial a servir como tesoureiro interino do Fundo Verde Climático por três anos.
- Estabelece um conselho de 24 membros para dirigir o Fundo, com igualdade de representação de países desenvolvidos e em desenvolvimento, junto com representantes dos pequenos Estados insulares, mais ameaçados pelo aquecimento.
- Cria um centro de tecnologia climática e uma rede para ajudar a distribuir o conhecimento tecnológico aos países em desenvolvimento, com o objetivo de limitar as emissões e se adaptar aos impactos das alterações climáticas.
MEDIDAS PARA FREAR O AQUECIMENTO
- Salienta a necessidade urgente de realizar "fortes reduções" nas emissões de carbono para evitar que a temperatura média do planeta aumente mais de 2ºC em comparação com os níveis da era pré-industrial.
- Convoca os países industrializados a reduzir suas emissões entre 25% e 40% em 2020 em relação ao nível de 1990. Esta parte encontra-se incluída no Protocolo de Kyoto, e por isso não inclui os Estados Unidos, que nunca o ratificaram.
- Concorda em estudar novos mecanismos de mercado para ajudar os países em desenvolvimento a limitar suas emissões e discutir essas propostas na próxima conferência, no final de 2011, em Durban (África do Sul).
FISCALIZAÇÃO DAS AÇÕES DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO PARA REDUZIR AS EMISSÕES
Esses países, especialmente os grandes emergentes, como China, Brasil e Índia, "em função de suas suas capacidades", divulgarão a cada dois anos relatórios que mostrem seus inventários de gases de efeito estufa, e informações sobre suas ações para reduzi-los.
Esses relatórios serão submetidos a consultas e análises internacionais, "não intrusivas", "não punitivas" e "respeitando a soberania nacional".
REDUZIR O DESMATAMENTO
- Traz o objetivo de "reduzir, parar e reverter a perda de extensão florestal" nas florestas tropicais. O desmatamento responde por 20% das emissões de gases de efeito estufa globais. Pede aos países em desenvolvimento que tracem seus planos para combater o desmatamento, mas não inclui o uso de mercados de carbono para seu financiamento.
- Exorta todos os países a respeitar os direitos dos povos indígenas.

Fonte: Folha.com Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/844293-saiba-quais-sao-as-principais-medidas-adotadas-em-cancun.shtml Acesso em 11/12/2010.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Seca pode bater recorde na Amazônia

A seca de 2010 ainda não terminou na Amazônia e pode ultrapassar a de 2005 como a mais grave da região nas últimas quatro décadas.
O nível do rio Solimões atingiu sua maior baixa histórica no oeste do Amazonas. Em Manaus, o Negro se aproxima do nível de 1963, o mais baixo em um século.
Mesmo que a previsão não se confirme, a floresta já terá registrado três estiagens extremas em 12 anos, duas delas nos últimos cinco anos: 1998, 2005 e 2010.
E isso se ninguém incluir na estatística a seca de 2007, que só atingiu o sudeste amazônico e deixou 10 mil quilômetros quadrados de floresta calcinados na região.
Cientistas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) estão coletando dados de chuva e vazão de rios para tentar descrever o fenômeno deste ano. O que eles sabem, por enquanto, é que esta é uma estiagem diferente de tudo o que já se viu.
"Esta seca não foi anunciada", diz José Marengo, climatologista do Inpe.
Segundo ele, nos eventos extremos de 1998 e 2005, a região começou a secar já no fim dos anos anteriores. "Neste ano, tivemos reduções muito pronunciadas em maio, 40% menos de chuva. Na de 2005, chegou a 50% de redução já no início do verão", afirma ele.
Em comum, ambas as secas têm o fato de não terem sido causadas por El Niños, como foi o caso de 1998. Naquele ano, apesar de a redução de precipitação ter batido o recorde, os rios amazônicos não sofreram tanto.
"Achava-se que El Niños fortes explicassem as secas, mas não é isso o que está acontecendo agora", diz Marengo. "O El Niño deste ano foi fraco", continua.
Segundo Javier Tomasella, também do Inpe, a vazante anormal do Negro pode ser explicada pela redução do volume dos afluentes da margem sul do Amazonas.
Como o Negro é "represado" pelo Solimões em Manaus, a baixa deste automaticamente faz aquele vazar.
Marengo diz que o aquecimento anormal do Atlântico tropical norte pode explicar parte da seca.
O transporte de umidade para dentro da Amazônia é influenciado por ventos que sopram do oceano. Quando o Atlântico esquenta demais, ele concentra as chuvas sobre a água mais quente e afasta a umidade da região.
Essa também é a explicação provável da seca de 2005, que coincidiu com uma temporada de furacões anormal na região do Caribe.
Alguns estudos detectaram a influência do aquecimento global no fenômeno de 2005. "Mas a incerteza é grande", diz Marengo. Para ele, a chance de influência humana nesses extremos climáticos é "50% a 60%".

Novo clima

Seja como for, o cenário atual parece uma "avant-première" do futuro clima da região amazônica.
"Aquela Amazônia que tinha estações chuvosas tão bem definidas que você podia ajustar seu calendário por elas acabou", afirma o ecólogo Daniel Nepstad, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
Segundo Nepstad, outro fator por trás das secas pode ser a grande quantidade de queimadas na região -a fumaça inibe a chuva, como já comprovaram diversos estudos na última década.
"A meu ver, é uma mistura de agropecuária e gases-estufa, é difícil destrinchar quanto é um ou outro", afirma o pesquisador. "Não sou climatologista, mas o tempo tem mudado nestes meus 25 anos de Amazônia."
(Folha de S. Paulo)

Fonte: Portal Aprendiz. Disponível em http://aprendiz.uol.com.br/content/chekojiswi.mmp Acesso em 22/10/2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mar avança e destrói casas em Ilha Comprida

Postado em 15/09/2010 ás 15h53

Quando os moradores de Ilha Comprida compraram suas casas na cidade, eles não imaginavam que em tão pouco tempo, seus imóveis fossem ficar tão perto do mar.
A maré, que já avançou mais de cem metros, engoliu diversas casas. Construções ruíram do dia para a noite e árvores foram arrancadas da terra.
O aposentado Décio dos Santos, dono de um terreno desde 1981, disse à Folha que os moradores tiverem que evacuar suas casas com urgência. "Muitos vizinhos saíram fugidos de casa no meio da noite com a maré derrubando tudo."
Em entrevista à Folha, o professor e doutor do Instituto de Oceanografia da USP, Afrânio Rubens de Mesquita, diz que o nível do mar na costa brasileira sobe em razão das mudanças climáticas. Para ele, há dois motivos que contribuem para o avanço da maré na região. Um deles é que a ilha passou a ser “comida” de um lado e os sedimentos são transportados e depositados no outro. Além disso, existe um afundamento na costa, que faz o nível subir em relação à praia.
No último mês, na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),o geógrafo Dieter Muehe, afirmou que as praias brasileiras estão desaparecendo. O geógrafo explicou à Agência Brasil que as mudanças climáticas estão provocando elevações no nível do mar, assim como tempestades em ritmo acelerado, resultando na vulnerabilidade das faixas de areia do país.
Muehe diz que o risco é maior nas grandes cidades. “As regiões urbanas são as que correm mais risco, pois a perda de areia não é reposta naturalmente e a orla sofre maior erosão. Isso já ocorre em várias praias do Rio de Janeiro, como Piratininga, Ipanema e Cabo Frio”.
Para conter o avanço, a Prefeitura de Ilha Comprida fez barreiras de sacos de areia de pedras e de pneus. Tudo em vão. “A força do mar é maior”, diz o engenheiro Juraci Brito, diretor de obras da cidade. Alguns especialistas afirmam que o engordamento da praia – processo em que a areia é  deslocada com característica semelhantes às da praia, para a região ocupada pelo mar – é uma das únicas soluções.
Com informações da Folha

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