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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pampa perde 54% de sua área original

Por ser o mais recente bioma do Brasil, o Pampa ainda é pouco valorizado e já perdeu mais da metade de sua área original e diversas espécies típicas da fauna e flora gaúcha, por conta de atividades agropecuárias insustentáveis. 

Mônica Nunes/Débora Spitzcovsky
Apenas no ano de 2004, o Pampa – que, no Brasil, é restrito ao Estado do Rio Grande do Sul – foi reconhecido oficialmente como bioma pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e, também, pelo MMA – Ministério do Meio Ambiente. No entanto, apesar de ser um bioma recente, o Pampa já sofre com o problema da devastação ambiental e perdeu 54% de sua área original.
A destruição intensa da biodiversidade da região tem, apenas, um culpado: o desmatamento, que é praticado no bioma para possibilitar a realização de atividades agropecuárias insustentáveis. Entre as mais comuns estão a produção de papel e arroz e a pecuária intensiva, que acontecem, principalmente, na cidade de Alegrete, segundo levantamento feio pelo Ibama.
O alto índice de devastação estaria relacionado ao recente reconhecimento do Pampa como bioma. De acordo com o MMA, isso faz com que as pessoas não o valorizem como deveriam e, ainda, pensem que, por ser um bioma novo, ainda há muito para devastar sem grandes consequências.

PERDA DE BIODIVERSIDADE É PREOCUPANTE
O ritmo de devastação do Pampa ainda é o menor entre os biomas brasileiros. A região perde, em média, 364 km² anualmente, enquanto a Amazônia, por exemplo, perde 18 mil km² no mesmo período. Ainda assim, o MMA considera a perda da biodiversidade na região preocupante e digna de atenção, já que o Pampa possui uma grande quantidade de espécies da fauna e flora que são exclusivas do bioma.
No total, são quase 4 mil espécies típicas da região gaúcha, sobretudo vegetais – sem contar a biodiversidade que ainda é desconhecida pelos pesquisadores. Recentemente, por exemplo, foram descobertos novos tipos de peixes e crustáceos nos corpos d’água da região dos campos do Rio Grande do Sul.
A conservação de toda essa biodiversidade do Pampa traria, além dos já conhecidos benefícios da conservação da fauna e flora, uma outra vantagem: a garantia da manutenção das áreas de recarga do aquífero Guarani, que é um reservatório de água importantíssimo para os países do Mercosul (para saber mais, leia a reportagem Aquífero Guarani e a água do Mercosul).
Apesar disso, a proteção da biodiversidade do bioma ainda não é prioridade no Pampa. Segundo dados do governo do Rio Grande do Sul, apenas 3,6% das áreas do bioma consideradas prioritárias estão sob algum tipo de proteção. Para amenizar a situação, o MMA e o ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade realizaram alguns estudos técnicos e se comprometeram a criar três novas unidades de conservação na região. Além disso, o governo ainda quer incentivar outras iniciativas que considera importantes para a preservação do bioma, como o turismo ecológico e a pecuária extensiva, que é típica da cultura gaúcha e contribui para a manutenção e conservação da vegetação local.

O bioma Pampa, que ocupa a maior parte do Rio Grande do Sul, já perdeu quase 54% da vegetação original. Os dados mais recentes do desmatamento do bioma, divulgados hoje (22) pelo Ministério do Meio Ambiente, mostram que, entre 2002 e 2008, 2.183 quilômetros quadrados (km²) de cobertura nativa foram derrubados.
O levantamento, feito pelo Centro de Monitoramento Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)*, aponta os 19 municípios gaúchos que mais desmataram o bioma no período. Alegrete, no extremo oeste do estado, é o campeão de derrubada, com 176 km² de desmate entre 2002 e 2008. As cidades de Dom Pedrito e Encruzilhada do Sul aparecem em seguida, com 120 km² e 87 km² desmatados em seis anos.
Apesar do grande percentual desmatado, o ritmo de devastação do Pampa é o menor entre os biomas brasileiros. De acordo com os dados do MMA, a região perdeu anualmente, em média, 364 km² de vegetação nos últimos seis anos. No Cerrado, o ritmo anual de devastação é de 14 mil km² por ano e, na Amazônia, a derrubada atinge 18 mil km² de floresta anualmente.

Veja a lista dos municípios que mais desmataram o bioma Pampa entre 2002 e 2008:

Município               Área desmatada entre 2002 e 2008 (km2)
Alegrete                                                   176,23
Dom Pedrito                                            120,45
Encruzilhada do Sul                                    87,27
Rosário do Sul                                           86,6
Santana do Livramento                              84,77
Uruguaiana                                                82,91
São Gabriel                                               81,29
Bagé                                                         66,69
Piratini                                                       63,73
São Borja                                                 60,68
Itaqui                                                        53,04
Jaguarão                                                   48,56
São Francisco de Assis                             43,23
Cachoeira do Sul                                      42,68
Santiago                                                   40,99
Cacequi                                                   39,59
Santa Maria                                             36,19
Maçambara                                             35,88
Tupanciretã                                             34,84

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