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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Chuva de meteoros

Essa madrugada algumas pessoas terão a sorte de observar um dos mais bonitos fenônemos astronômicos: uma chuva de meteoros. A Terra está passando por uma zona repleta de detritos deixados por um cometa, chamado Swift-Tuttle. 
A cada 133 anos, o enorme cometa cruza o Sistema Solar e deixa para trás um rastro de poeira e detritos.Quando a Terra passa pela região, os fragmentos se chocam com a atmosfera a 140.000 mph (aproximadamente 225.000 kilômetros por hora) e se desintegram em explosões de luz.A zona de detritos deixada pelo cometa é tão larga que a Terra passa semanas dentro dela. 
Mas você sabia que chuvas de meteoros acontecem todos os anos? 

JOSÉ ROBERTO V. COSTA
O CÉU ESTÁ LIMPO. As estrelas, mesmo as mais fracas, brilham com vigor. Você está longe da cidade. De repente, uma estria luminosa cruza o céu velozmente, numa fração de segundo.

Você espera ouvir um estrondo vindo de não muito longe, mas antes que possa apurar os ouvidos, outra ainda mais bela surge. Logo aparecem duas de uma só vez. Parecem vir de um mesmo ponto do céu. O espetáculo dura horas.
Todos os anos acontecem as chuvas de meteoros. A maioria delas ocorre por efeito de passagens sucessivas de cometas nas proximidades da Terra. Os detritos cometários vão se alastrando por toda a extensão da órbita do cometa, bem como transversalmente a ela (veja gravura a seguir).

A Terra, porém, não atravessa todos os enxames de fragmentos deixados pelos cometas. As chuvas de meteoros ocorrem apenas nos poucos casos em que o nosso planeta intercepta esses detritos no espaço, ao longo de su órbita em torno do Sol. Isso normalmente ocorre em dias específicos.
Por que “chuva de meteoros”?
TODAS AS NOITES PODEMOS OBSERVAR METEOROS esporádicos. O termo “chuva” aparece quando se observa vários meteoros num dado intervalo de tempo, permitindo deduzir uma taxa horária. Além disso a maioria deles parece oriunda de um certo local do céu, que chamamos radiante. Normalmente as chuvas de meteoros recebem os nomes das constelações onde estão os radiantes.
Radiante da chuva Leonídas
O radiante é apenas um efeito de perspectiva. Na verdade, as partículas penetram na atmosfera terrestre em todas as direções. O radiante indica a tangente da órbita do enxame de detritos cometários que originou a chuva. O traço luminoso, característico dos meteoros, deve-se principalmente ao aquecimento do material que o constitui e a luminescência do ar atmosférico.

A seguir, as principais chuvas de meteoros de 2010. Na tabela, Data se refere pico da chuva, TaxaH é o número de meteoros esperado por hora, Ilum é a fração da Lua iluminada (quanto mais perto de 1, pior a visibilidade) e as A.R. e Dec. são, repectivamente, ascensão reta e declinação do radiante.

  Data          Nome           TaxaH   A.R.   Dec. Ilum
3/ 1/2010  Quadrantids         80   15h28m   50°  0,87          
11/ 4/2010  Virginids            5   14h04m   -9°  0,07           
21/ 4/2010  Lyrids              12   18h08m   32°  0,51           
28/ 4/2010  alpha-Scorpiids      5   16h32m  -24°  1,00           
 5/ 5/2010  eta-Aquarids        35   22h20m   -1°  0,53           
12/ 5/2010  alpha-Scorpiids      5   16h04m  -24°  0,02           
 9/ 6/2010  Ophiuchids           5   17h56m  -23°  0,08           
20/ 6/2010  Ophiuchids           5   17h20m  -20°  0,69           
 7/ 7/2010  Capricornids         5                 0,19          
15/ 7/2010  Capricornids         5   20h44m  -15°  0,22          
20/ 7/2010  alpha-Cygnids        5   21h00m   48°  0,75          
25/ 7/2010  Capricornids         5   21h00m  -15°  1,00          
28/ 7/2010  delta-Aquarids      20   22h36m  -17°  0,93          
30/ 7/2010  Piscis Australids    5   22h40m  -30°  0,80          
 2/ 8/2010  alpha-Capricornids   5   20h36m  -10°  0,53          
 6/ 8/2010  iota-Aquarids        8   22h10m  -15°  0,15          
12/ 8/2010  Perseids            75    3h04m   58°  0,11          
20/ 8/2010  alpha-Cygnids        5   21h00m   48°  0,87          
 8/ 9/2010  Piscids             10    0h36m    7°  0,00          
20/ 9/2010  Piscids              5    0h24m    0°  0,94          
13/10/2010  Piscids             ??    1h44m   14°  0,40          
22/10/2010  Orionids            25    6h24m   15°  1,00          
 3/11/2010  Taurids              8    3h44m   14°  0,08          
17/11/2010  Leonids             10   10h08m   22°  0,86          
 8/12/2010  Puppids-Velids      15    9h00m  -48°  0,11          
13/12/2010  Geminids            75    7h28m   32°  0,53          
22/12/2010  Ursids               5   14h28m   78°  0,97          
25/12/2010  Puppids-Velids      15    9h20m  -65°  0,75          
Fonte: Eric Bergman-Terrell, Astronomy Lab 2 v. 2.03, 2005.
Povos antigos acreditavam que os meteoros eram estrelas que se moviam rapidamente, ou mesmo caíam sobre a Terra, por isso até hoje eles são popularmente conhecidos por estrelas cadentes.

Raras vezes uma chuva de meteoros pode ser realmente
espetacular, como a Leonídas de 13 de novembro de 1833.
ALHA 81005, o primeiro meteorito lunar recolhido na Terra, (1983).
Meteoro e meteorito
QUANDO SE OBSERVA SOMENTE O TRAÇO LUMINOSO no céu diz-se meteoro. Porém, quando o fragmento chega a atingir a superfície trata-se de um meteorito. Um meteoro ou meteorito em potencial, que ainda vaga pelo espaço, recebe a denominação meteoróide.

A maioria dos meteoróides possui ferro e silício, entre outros elementos. Dependendo de sua densidade, velocidade e ângulo de penetração, um fragmento do tamanho de um punho já é o bastante para atravessar toda a atmosfera e chocar-se contra o solo.
Meteoritos são quentes?
FAZ SENTIDO PENSAR que os meteoróides são aquecidos pela fricção com o ar quando penetram na atmosfera terrestre. Faz sentido, mas está errado.

Pense do seguinte modo: as pastilhas cerâmicas de um ônibus espacial são extremamente delicadas. Elas esmigalhariam facilmente com a pressão de seus dedos. Se a fricção com o ar as aquecessem tanto, elas se desintegrariam e não poderiam proteger o ônibus espacial.

Mas não é a fricção que aquece os meteoritos. Quando um gás é comprimido ele se aquece. Um meteorito se movendo a 15 km/s na atmosfera comprime o ar a sua frente. O ar se aquece e se torna incandescente. Repare que isso não é fricção. O ar não está em contato com a partícula (entenda partícula como o objeto em queda e meteoro como todo o fenômeno atmosférico).

A superfície do meteoróide derrete com o calor do gás comprimido em frente a ele, num processo chamado ablação. A alta velocidade produz calor e luz, mas essa energia dissipada diminui também sua velocidade. Quando ela fica abaixo da velocidade do som a onda de choque se acaba, o calor e a ablação também. Agora o meteorito cai mais lentamente, mas em geral ainda está na alta atmosfera.

Leva vários minutos até que ele finalmente atinja o chão, e enquanto cai a rocha esfria ainda mais. Lembre-se de que ela estava no espaço e seu núcleo ainda é bastante frio. Além disso a porção derretida já foi perdida durante o início da queda.

Tudo isso junto e o resultado é que a maioria dos meteoritos estão bem frios quando atingem o chão. Alguns já foram encontrados cobertos de gelo imediatamente após sua queda. A exceção fica por conta dos grandes meteoritos, é claro. Nesse caso o impacto com o solo dissipa grande quantidade de calor, que pode permanecer no local por horas.

Fonte:
Chuva de meteoros. In: Astronomia no Zênite, Costa, J.R.V. 2003. Disponível em: http://www.zenite.nu?chuvademeteoros. Acesso em: 13 ago. 2010.

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